segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Alguns dias na praia



Embora muitos dias houvessem se passado da cirurgia da Tammy, e ela aparentasse não sentir dor, algo não ia bem. Ela deixou de ser esperta e ativa. Parecia carregar o desânimo nas costas. Então, Mamãe e Papai, depois de conversarem bastante, resolveram que passaríamos algum tempo na casa de praia. Lá, era um lugar que a Tammy gostava muito. Quem sabe ela se animaria e talvez deixasse de lado essa tristeza, essa coisa que a família chamava de depressão?
E lá fomos nós três: Mamãe, Tammy ,e eu.
Realmente, lá ela reagiu um pouco. Mamãe, todas as manhãs montava uma caminha e a colocava para tomar Sol. Eu, muitas vezes, dividia o espaço com ela. Mas era por pouco tempo. Imagine só? Ficar deitada, quando se tem um quintal enorme para correr, brincar e mexer com todo mundo que passa na rua?
 Aos poucos, a Tammy começou a passear pelo quintal, e até voltou a brigar comigo!!!  Não entendo bem o que isso tem de bom, mas Mamãe ficava feliz quando ela brigava comigo. Absurdo, viu?!



Eu, continuava crescendo bem rápido, e aprontando todas as artes possíveis de se aprontar.
No quintal da casa de praia, há uma enorme árvore, de folhas grandes. Eu ficava lá embaixo esperando que as folhas caíssem. Assim que elas tocavam o chão, eu pegava, levava correndo para dentro de casa, e picava todinhas, hora em cima do sofá, hora na cama, e em outros lugares da casa. Mamãe ficava zangada, e eu fazia carinha de “Tô nem aí!”. Isso era muito divertido! Tão divertido quanto correr atrás de borboletas, passarinhos, e subir na mesa do quintal!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Algo estava mesmo errado...

Algo estava mesmo errado com a Tammy.
 A minha família estava muito preocupada. Todos olhavam para ela com uma expressão muito séria no rosto. Mamãe, sempre chorava. 
A palavra "cirurgia" vinha sempre acompanhada da palavra "tumor".
 Um dia, Mamãe saiu cedinho com ela, e voltou sozinha. Horas se passaram, até que Mamãe saiu novamente e voltou trazendo a Tammy. Ela estava toda enfaixada, e as vezes chorava baixinho. Eu notava que todos estavam aflitos, mas não estava entendendo muito bem.
 A Tammy já não rosnava para as minhas estripulias. Eu queria brincar, mas ela ficava lá, deitada...só mexia os olhinhos.
 As idas e vindas da clínica veterinária eram diárias. Mamãe repetia sempre, que ela não estava reagindo, e repetia o tempo todo "- Lute, Tammy, lute!".
Certa manhã, eu estava brincando na sala, onde Mamãe havia feito uma caminha para a Tammy. Notei que ela não estava nada bem, e resolvi me deitar com ela. Deitei bem devagarinho, e fiquei lá por horas. As vezes abraçadinha, as vezes apenas encostada nela. A impressão que Mamãe tinha, era que eu a estava confortando...




sábado, 10 de dezembro de 2011

E os dias vão passando...

Os dias foram passando, e eu comecei a descobrir a minha nova casa como uma criança que explora um parque.
Descobri uma cesta cheia de bichinhos de borracha, e de pelúcia. Eu nunca havia visto brinquedos. Que coisa gostosa! Eu pegava todos os que podia carregar e levava para a sala! Alguns, maiores que eu, eram largados pelo caminho.




Para quem, vinha de um local feio, e tinha sofrido maus tratos ainda recém nascida, essa casa era um paraíso.

Os dias passavam tão depressa, e o meu crescimento era praticamente visível. Todos os dias eu ouvia alguém dizendo " - Nossa! como ela está crescendo!"
 Vieram as vacinas, os primeiros banhos quentinhos, meias um pouco maiores para eu vestir, e a Tammy começou a deixar que eu chegasse perto...mas mesmo assim ela resmungava um pouco!




Mas observando bem...a Tammy está muito estranha. Parece triste, sempre olhando para baixo...será somente ciúme?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Após dois dias na casa de praia, e lutando para vencer a doença, voltamos para casa. Eu já me sentia bem melhor, e já conseguia fazer as primeiras gracinhas. É claro que naquela época eram só gracinhas...

Bem, a família que me adotou já tinha outras duas filhas peludas . A Tammy, uma linda e educada poodle branca,  Mitsy, uma linda e dorminhoca gata mestiça.



 Vou contar uma coisa, meu primeiro contato com elas foi terrível! Que irmãs rabugentas eu fui arrumar.  Eu mal podia me mexer que elas começavam a rosnar. Mesmo assim, não liguei.  Vou deixar de caminhar só porque elas se incomodavam? De jeito nenhum! Além do mais, Mamãe, Papai, Dudu e Nádia, ficavam de olho para que elas não tentassem me machucar.
O frio era grande, e de tão pequena que eu era, a única roupinha que me servia, era uma meia soquete feminina com três buraquinhos: dois para passar os bracinhos, e outro para passar a cabeça. Ah, quando a Nádia chegava em casa, eu tirava longos cochilos dentro da roupa que ela estava usando. Uma delícia! Era uma verdadeira irmã-canguru!
Durante as noites, eu continuava chorando, até que Mamãe se lembrou de um pantufão de pelúcia que a Nádia havia ganho, e guardado em um armário. Ah...agora sim! Dentro desse pantufão que lembrava os pelos de minha mãe biológica, e dos meus irmãozinhos eu ficava bem aconchegada e quentinha. Acabaram os choros noturnos, e a tremedeira de frio.


Ah, a comida também é uma coisa que gosto muito de lembrar. Eu que vinha de um lugar feio e tinha passado por maus tratos, estava também subnutrida. Que ração gostosa me deram aqui!!! Comecei a comer com gosto! Aqueles três quilos que a Tia do Termômetro(veterinária) achou que eu teria a princípio, esquece!  Bem alimentada, bem cuidada, e recebendo carinho, comecei a crescer! Crescer e ficar esperta! Como a Mamãe dizia: “- Esperta demais!”.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O segundo dia

Bem, como eu ia dizendo, eu chorei a primeira noite todinha. É claro que a Mamãe ficou comigo, mas estava fazendo um frio danado, e eu sentia muita falta da minha mãe biológica e dos meus irmãozinhos caninos. 




Logo pela manhã, Mamãe, (que desde a noite anterior, me olhava desconfiada e dizia: "- Poodle com cocker...sei!!!") me pegou no colo e disse: 
"- Hora de fazer sua primeira visita ao médico veterinário, sua chorona!". 
Chegamos ao consultório da veterinária (que por motivos óbvios, eu conheço por "Tia do termômetro"! ), Mamãe me colocou em cima da mesa de exames e disse: 
"- Verônica, se esse bichinho for um poodle com cocker, eu encolho!".
 Essa é a expressão que Mamãe usa quando duvida de algo. Papai, que estava junto, só ria.
A Tia do termômetro me examinou todinha, olhou, olhou, olhou, me virou e disse:
 "- Ela é linda, mas...é vira lata mesmo! Sem qualquer traço de poodle ou cocker! E eu acho que ela não está bem de saúde."
Mamãe, que sonhava ter um poodle, neste momento decidiu que não ficaria comigo. Chegou a colocar uma plaquinha me oferecendo para adoção. E o papai apoiou! Hunff!
Após essa consulta, entramos no carro, e rumamos para minha primeira viagem para a casa de praia. Vomitei um pouco, pois nunca tinha ficado tanto tempo chacoalhando dentro de um carro.
Quando chegou a noite, comecei a passar mal. Tive muitos episódios de diarreia, e comecei a ficar fraca. Muito fraca... Mesmo que eu tentasse ficar em pé e andar, eu não conseguia. Já era bem tarde quando finalmente, depois de muitas tentativas, Papai conseguiu falar com a Tia do Termômetro! Foi uma longa noite,  em que Mamãe me deu soro e leite condensado de hora em hora. Do leite condensado, eu até gostei, mas o soro era bem ruim!
 Quase amanhecendo o dia, Papai foi me ver e achou que eu estava morta...e o pior, bem ao lado da Mamãe, que havia dormido no chão da sala, ao lado da minha cama-caixinha! Ele mexeu comigo, chamou, deu uma chacoalhadinha...e somente depois de um tempo eu me mexi. Ele suspirou aliviado, e somente depois chamou a Mamãe! Nós duas estávamos dormindo profundamente, e exaustas depois de uma noite difícil. O dia foi passando, e eu fui melhorando. Continuei tomando o soro e uns remédios horríveis, que me enfiavam goela abaixo. 
Eu era muito pequena, e é claro, que meus pais adotivos tinham medo que eu não suportasse a tal da giardiose.
 Aliás, eu era quase do tamanho do celular do Papai. Você duvida? Olhe a foto que prova isso!


Agora, vou jogar bolinha!
 Depois eu volto para contar mais um pouco, e falar das irmãs de quatro patas que encontrei no meu novo lar...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Como tudo começou...




Essa sou eu, no dia em que fui adotada. É claro que agora estou bem maior e muito mais feliz. Mas tudo começou neste dia...


Logo pela manhã, minha então futura mamãe, sentou na frente do notebook, com uma caneca de café com leite ao lado, e foi ver os e-mails. E lá estava o e-mail que a surpreendeu. Ela nem lembrava mais que havia se cadastrado num site que ajudava animais abandonados. O e-mail dizia, que uma ninhada de cãezinhos havia sido resgatada por maus tratos, e que uma das fêmeas se encaixava perfeitamente no perfil que ela procurava. Adivinha quem era? Euzinha!!! 
Naquele momento, minha então futura mamãe ficou meio perdida. Ela queria, na verdade, uma fêmea de poodle, mas resolveu ligar para o número de telefone, que o e-mail dizia ser da minha protetora. A mulher me descreveu e disse as palavras mágicas " - É uma fêmea mestiça de cocker com poodle!". Pronto! Era o que minha futura mamãe queria ouvir! Começa então, toda uma correria! Telefonema para o meu, então futuro papai, para ver se ele concordava com a minha vinda para casa. Conversas e mais conversas pelo msn com as tias Teca e San, para ver quem ia com a mamãe me buscar. Conversa com a minha irmã Nádia, para escolher um nome, e ver se eu poderia vir de metrô, dentro de uma sacolinha... Caramba! Tirando a escolha do meu nome, e o papai ter concordado com a minha vinda, o resto dava tudo errado! O local do abrigo onde eu estava, era muito longe. A tia Teca, não podia ajudar naquele dia. A tia San  podia, mas tinha o problema do metrô, que não permitia que eu entrasse no trem, nem dentro de uma caixinha fechada (fiquei sabendo que a Nádia falou umas coisas não mencionáveis sobre as pessoas do metrô..tsc tsc tsc!). Bem...fui salva pelo papai, que depois de todo esse rolo, resolveu ir me buscar de carro, a noite, pois era dia do rodízio de veículos.
E lá foram eles ao meu encontro...meus futuros, mamãe, papai e irmã. Meu irmão Dudu, não quis ir, pois estava cansado do trabalho!
 E como era longe aquele lugar, da casa onde eu ia morar...muuuuito longe!
Nosso primeiro contato foi estranho. Mamãe queria, e ao mesmo tempo não queria me trazer. Acabou trazendo! Vim dormindo o caminho todo. Ao chegar em casa, ganhei minha primeira caminha, uma caixa de sapatos femininos. Era muito grande, mas com alguns paninhos dentro, me ajeitei e...chorei a noite toda!!!


Bem...o resto eu conto depois!!!
Lambeijos para vocês!